Você acha um exagero dizer que isso tem total relação com a forma como nascemos e somos criados?
De acordo com Laura Gutman, neste mundo patriarcal com foco no acúmulo de bens, a repressão sexual feminina teve consequências devastadoras para o mundo como um todo.
É uma tendência mundial que as mulheres estejam cada vez menos em contato com seus corpos, sua humanidade, sua sexualidade e seu amor próprio. E isso vem por consequência de anos de patriarcado massacrando nossos instintos e desejos, tornando-nos cada vez mais desamparadas e frias.
E as consequências são filhos e filhas desamparados e frios, com pouco colo e peito, muito berço e regras. Pouco amparo e muita responsabilidade, desde muito novos. Pouco amor e carinho, muita aridez e avareza.
Num mundo em que o parto foi tirado da mulher e entregue aos médicos, onde uma mãe pede autorização no hospital para pegar seu filho, falta autonomia. Onde nem pediatras indicam a amamentação exclusiva, falta intimidade e toque. Onde a regra é não acostumar o bebê com colo, falta colo e carinho. Onde a regra é deixa o bebê chorar, falta amparo e instinto.
E um mundo onde as pessoas já nascem e crescem rodeadas da abstinência de autonomia, da intimidade, do toque, do colo, do carinho e do instinto, sobra violência. E desafeto. E transformam-se em crueldade e avareza. Em maldade, guerra, e em uma sociedade de adultos infantis, filhos órfãos de carinho e cheios de ira.
Você percebe como a desumanização do mundo começa na desumanização da mãe? Do parto? Da criação de nossos filhos? Das faltas?
E perceber isso acende, então, aquela luz de esperança no fundo do nosso coração. Por que sabemos que se essa é a causa para um efeito tão devastador, a cura é o amor. O toque. O peito. O parto empoderamdo e cheio de ocitocina natural.
Chega de parir em cativeiro!
E isso tudo está ao nosso alcance! Mesmo que seja um trabalho de formiguinha.. mesmo que leve muitos anos.. existem muitos de nós por aí dispostos a buscar essa realidade, mãe por mãe, parto por parto, puerpério por puerpério.
"Nós, mulheres, com séculos de patriarcado nas costas, afastadas de nossa sintonia interior, não queremos parir, nem sentir, nem entrar em contato com a dor. Não sabemos o que é prazer orgasmico. Carregamos séculos de dureza interior, vivemos com o útero rígido, a pele seca e os braços incapacitados. Não fomos abraçadas nem embaladas por nossas mães, por que elas não foram embaladas por nossas avós e assim por gerações e gerações de mulheres que perderam todo vestígio de brandura feminina. Quando chega o momento de parir, nosso corpo inteiro dói devido à inflexibilidade, à submissão, à falta de ritmo e carícias."
O Poder do Discurso Materno, Laura Gutman.
#OPoderdoDiscursoMaterno
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