Hoje vamos voltar nossos olhos para dois relacionamentos cruciais que nascem junto com o bebê! O relacionamento entre mãe e pai, e o relacionamento entre pai e bebê!
Muito se fala que o pai deve
participar, que não se deve sobrecarregar a mãe, que precisamos de uma
paternidade mais ativa. Mas ainda não vemos muita informação do como, do por
que e de orientações mais práticas. Então vamos lá!
Hoje vamos voltar nossos olhos para
dois relacionamentos cruciais que nascem junto com o bebê! O relacionamento
entre mãe e pai, e o relacionamento entre pai e bebê!
Como já mencionado em posts
anteriores, para nossa linha de estudo e pensamento da psicologia, um
relacionamento de casal saudável deve se basear no apoio mútuo e na absoluta cumplicidade.
Além de extremamente importantes na
vida de qualquer casal, essas bases serão essenciais à família quando o bebê
chegar. Isto é, um relacionamento saudável tem grandes chances de passar pelo
turbilhão do puerpério com força suficiente para se desenvolver à caminho de
uma estrutura familiar também saudável.
Dito isso, vale ressaltar que temos
plena consciência da incrível variedade de estruturas e configurações
familiares existentes, e
consideramos que aqui retratamos uma maioria (pai, mãe e filhos) encontrada nos
35 anos de experiência da autora que estudo, Laura Gutman, dentro da sociedade patriarcal ocidental em que vivemos. Mas que, apesar de não
mencionar cada possibilidade familiar, nada impede que cada uma delas tenha –
dentro de suas particularidades e características- algo de muito proveitoso
para tirar das conclusões pela autora descritas. Vale ressaltar, inclusive, que
vamos retratar claramente ao caso em que não há a presença de um pai, mas
frisamos que nada impede que “pai” seja substituído por “papel paterno”, qual
pode ser representado por inúmeras figuras da vida de uma criança, assim como
“mãe” e “papel materno”.
APOIO
Imagine a cena de um parto. Qualquer
parto, seja cesária ou normal. Temos, geralmente, a mãe passando pelo processo,
e o pai em volta. Dando aquele suporte, dizendo “estou aqui, você vai conseguir”
e garantindo sua segurança e bem estar. Tomando as decisões que ela não tem
condições de tomar naquele momento, e garantido à ela que pode mergulhar
naquela situação, que ele está garantindo o resto. O puerpério é a mesma coisa! Segundo Laura Gutman, então, em seu
livro “A maternidade e o encontro com a própria sombra” (dica do livro aqui), a função do pai se desenvolve em dois tempos: do apoio ao puerpério (entre o nascimento e mais ou menos
os dois anos, onde ocorre a separação fusional mãe/bebê – sobre isso aqui aqui); à separação (a partir dos dois anos, quando começa a construção
do próprio eu).
No primeiro tempo, temos o apoio à fusão mãe/bebê, em que se faz
importante dar espaço (silêncio e intimidade) e segurança para que aconteça a
fusão. Neste ponto, o pai precisa ter uma postura muito ativa, pois na construção da fusão e no
auge da Loucura Necessária ao puerpério (explicamos nesse post e aprofundamos nesse aqui), o pai precisa tomar a frente das decisões da casa para
liberar a mãe do racional e permitir que ela se entregue tranqüila ao fusional
e puerperal. Apoiando essa introspecção o pai garante que passagem saudável da
mãe por essa fase tão intensa que é o puerpério, permitindo o florescimento de
sua mãe interior. Neste processo, ainda, é muito importante que o marido aceite
e ame sem questionar, apenas apoiando, uma vez que se trata de um processo, e
que nele não há muito a compreender além de que é tempo de travessia pelo puerpério. Isto é, suas atitudes e decisões
respondem à uma viagem interior na qual ela está embarcada e sobre a qual
entende pouco e não tem controle. Precisa apenas, e muito, de segurança,
compreensão e – principalmente- apoio!
Formando a configuração temporária Pai → Mãe →Filho
“O pai
não tem que exercer a maternidade; tem que apoiar a mãe em seu papel na
maternidade”
Falamos, então, do relacionamento
saudável anterior ao bebê, uma vez que se a cumplicidade e o apoio mutuo não
existem, e o homem não tem o hábito de apoiar a mulher, mas sim de ser apoiado,
temos então um complicador com a chegada do bebê. Ou seja, não só a esposa não
tem o apoio de que precisa no pós-parto, como também tem o marido a cobrando o
apoio que outrora recebia e agora não tem mais condições de dar.
Quem apóia o pai?
Geralmente no pós-parto, as mães
estão em licença maternidade e os pais permanecem trabalhando. Ou seja,
permanecem transitando entre o mundo do bebe e o mundo dos adultos. Têm tempo
para si mesmos, espaço de identidade (em que mantém seu papel, como o trabalho,
por exemplo), conversas adultas não relacionadas ao tema bebe, lugar para
espairecer, lazer, etc. Esses detalhes, por si só, já o permitem ter mais
clareza para dar apoio à esposa, que geralmente de uma hora para a outra perdeu
toda e qualquer chance para tudo isso. Mas, além disso, o homem tem também
outro apoio muito importante, que é fortalecido por tudo isso que mencionamos:
sua própria estrutural emocional, que não foi devastada pela erupção vulcânica
interior do pós-parto. Isto é, ele tem, além de seu espaço e apoio externo, sua
própria sanidade intacta. Luxo esse que as mães terão acesso depois de um bom
tempo de puerpério. Para algumas, meses. Para outras, até dois anos. Cada uma
no seu processo particular.
SEPARAÇÃO
Entre o vigésimo e o trigésimo mês de
vida, quando a criança começa a reconhecer e construir o eu, e começa também a reclamar mais a presença do
pai, é o momento em que ocorre a intervenção paterna. Esse momento é motivado,
geralmente, por dois fatores: a recuperação da mãe esposa mulher e o
relacionamento direto com a criança, que agora também tem mais interesse no pai
enquanto descobre e constrói o eu.
No momento em que o pai assinala essa
separação, ele libera a mãe e a criança. É quando tem os momentos exclusivos
com a criança, construindo um relacionamento mais profundo, e muitas vezes até
levemente fusional. É também quando impõe uma cisão entre mãe e filho,
determinando limites, colocando-os de volta em suas camas à noite e facilitando
sua independência de dia. Tanto mãe quanto filho precisam dessa intervenção.
No momento em que a criança constitui
o ‘eu sou’ a mãe volta a constituir-se como eu ‘não fusão’ e sente-se livre
para novamente transitar no mundo, na sexualidade, na vida. Essa separação,
portanto, se faz muito importante tanto para a construção do eu da criança
quanto para a saúde emocional da mãe. Neste momento, inclusive, muitas mulheres
engravidam novamente, pois estão abertas a uma nova fusão.
No entanto, a tendência
feminina assinala a fusão enquanto a masculina é para a separação. E, portanto,
segundo a autora, faz-se necessária a presença do homem. De um papel paterno.
Ela inclusive reforça que quando uma mulher se aproxima para exercer esse papel,
segundo sua experiência, acaba por – ao invés da separação – formar uma nova
fusão, a três.
SEXUALIDADE NO PÓS PARTO
A cumplicidade anteriormente
mencionada, é extremamente importante por todo esse processo que acamos de
descrever, transpassando um importante tema: a sexualidade. Durante todo esse
momento delicado e complicado, o sexo está ausente porém latente na cabeça do
casal, e se faz necessário compreender que a compreensão da sexualidade no
puerpério é absolutamente importante, e faz parte tanto do apoio quanto da
separação. Falamos mais detalhadamente nesse post e vale a pena ler!
AUSÊNCIA
DE UM PAI
Na ausência de um homem que possa
exercer esse papel paterno, para o apoiosugerimos uma rede que possa
fortalecer esse vínculo da mãe e do bebê, rede essa que deve ser buscada e
estabelecida ainda durante a gravidez. Caso envolva mulheres, faz-se necessário
compreender as necessidades de uma mulher puérpera, e sobre isso aconselhamos
ler aqui! Para a separação, a psicoterapeuta aconselha que
a separação fusional (extremamente necessária e saudável) seja promovida pela
própria mãe, com a busca de espaços pessoais e adultos com os quais possa construir um
vínculo forte e importante, como um trabalho ou projeto que realmente lhe
interesse de coração. Algo que lhe faça mergulhar no seu universo e no mundo
adulto, separando-a do filho fusionado.
“Quando
o trabalho é gratificante, conectar-se com espaços pessoais e adultos torna-se
liberador para a mãe.”
E ai, gostaram? Espero que tenham
amado!
Mais sobre o tema? Leia aqui as possíveis expectativas irreais do pai com
relação ao bebe, o puerpério da mãe e a paternidade!
Grande beijo!
#PsiMama
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