Papel do Pai: do apoio ao puerpério à separação fusional! (E o quefazer na ausência de um pai)

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quarta-feira, 2 de março de 2016
Hoje vamos voltar nossos olhos para dois relacionamentos cruciais que nascem junto com o bebê! O relacionamento entre mãe e pai, e o relacionamento entre pai e bebê!

Muito se fala que o pai deve participar, que não se deve sobrecarregar a mãe, que precisamos de uma paternidade mais ativa. Mas ainda não vemos muita informação do como, do por que e de orientações mais práticas. Então vamos lá!
Hoje vamos voltar nossos olhos para dois relacionamentos cruciais que nascem junto com o bebê! O relacionamento entre mãe e pai, e o relacionamento entre pai e bebê!
Como já mencionado em posts anteriores, para nossa linha de estudo e pensamento da psicologia, um relacionamento de casal saudável deve se basear no apoio mútuo e na absoluta cumplicidade.
Além de extremamente importantes na vida de qualquer casal, essas bases serão essenciais à família quando o bebê chegar. Isto é, um relacionamento saudável tem grandes chances de passar pelo turbilhão do puerpério com força suficiente para se desenvolver à caminho de uma estrutura familiar também saudável.
Dito isso, vale ressaltar que temos plena consciência da incrível variedade de estruturas e configurações familiares existentes, e consideramos que aqui retratamos uma maioria (pai, mãe e filhos) encontrada nos 35 anos de experiência da autora que estudo, Laura Gutman, dentro da sociedade patriarcal ocidental em que vivemos.  Mas que, apesar de não mencionar cada possibilidade familiar, nada impede que cada uma delas tenha – dentro de suas particularidades e características- algo de muito proveitoso para tirar das conclusões pela autora descritas. Vale ressaltar, inclusive, que vamos retratar claramente ao caso em que não há a presença de um pai, mas frisamos que nada impede que “pai” seja substituído por “papel paterno”, qual pode ser representado por inúmeras figuras da vida de uma criança, assim como “mãe” e “papel materno”.
APOIO
Imagine a cena de um parto. Qualquer parto, seja cesária ou normal. Temos, geralmente, a mãe passando pelo processo, e o pai em volta. Dando aquele suporte, dizendo “estou aqui, você vai conseguir” e garantindo sua segurança e bem estar. Tomando as decisões que ela não tem condições de tomar naquele momento, e garantido à ela que pode mergulhar naquela situação, que ele está garantindo o resto. O puerpério é a mesma coisa! Segundo Laura Gutman, então, em seu livro “A maternidade e o encontro com a própria sombra” (dica do livro aqui), a função do pai se desenvolve em dois tempos: do apoio ao puerpério (entre o nascimento e mais ou menos os dois anos, onde ocorre a separação fusional mãe/bebê – sobre isso aqui aqui); à separação (a partir dos dois anos, quando começa a construção do próprio eu).
No primeiro tempo, temos o apoio à fusão mãe/bebê, em que se faz importante dar espaço (silêncio e intimidade) e segurança para que aconteça a fusão. Neste ponto, o pai precisa ter uma postura muito ativa, pois na construção da fusão e no auge da Loucura Necessária ao puerpério (explicamos nesse post e aprofundamos nesse aqui), o pai precisa tomar a frente das decisões da casa para liberar a mãe do racional e permitir que ela se entregue tranqüila ao fusional e puerperal. Apoiando essa introspecção o pai garante que passagem saudável da mãe por essa fase tão intensa que é o puerpério, permitindo o florescimento de sua mãe interior. Neste processo, ainda, é muito importante que o marido aceite e ame sem questionar, apenas apoiando, uma vez que se trata de um processo, e que nele não há muito a compreender além de que é tempo de travessia pelo puerpério. Isto é, suas atitudes e decisões respondem à uma viagem interior na qual ela está embarcada e sobre a qual entende pouco e não tem controle. Precisa apenas, e muito, de segurança, compreensão e – principalmente- apoio!
Formando a configuração temporária  Pai  Mãe →Filho
“O pai não tem que exercer a maternidade; tem que apoiar a mãe em seu papel na maternidade”
Falamos, então, do relacionamento saudável anterior ao bebê, uma vez que se a cumplicidade e o apoio mutuo não existem, e o homem não tem o hábito de apoiar a mulher, mas sim de ser apoiado, temos então um complicador com a chegada do bebê. Ou seja, não só a esposa não tem o apoio de que precisa no pós-parto, como também tem o marido a cobrando o apoio que outrora recebia e agora não tem mais condições de dar.
Quem apóia o pai?
Geralmente no pós-parto, as mães estão em licença maternidade e os pais permanecem trabalhando. Ou seja, permanecem transitando entre o mundo do bebe e o mundo dos adultos. Têm tempo para si mesmos, espaço de identidade (em que mantém seu papel, como o trabalho, por exemplo), conversas adultas não relacionadas ao tema bebe, lugar para espairecer, lazer, etc. Esses detalhes, por si só, já o permitem ter mais clareza para dar apoio à esposa, que geralmente de uma hora para a outra perdeu toda e qualquer chance para tudo isso. Mas, além disso, o homem tem também outro apoio muito importante, que é fortalecido por tudo isso que mencionamos: sua própria estrutural emocional, que não foi devastada pela erupção vulcânica interior do pós-parto. Isto é, ele tem, além de seu espaço e apoio externo, sua própria sanidade intacta. Luxo esse que as mães terão acesso depois de um bom tempo de puerpério. Para algumas, meses. Para outras, até dois anos. Cada uma no seu processo particular.
SEPARAÇÃO
Entre o vigésimo e o trigésimo mês de vida, quando a criança começa a reconhecer e construir o eu, e começa também a reclamar mais a presença do pai, é o momento em que ocorre a intervenção paterna. Esse momento é motivado, geralmente, por dois fatores: a recuperação da mãe esposa mulher e o relacionamento direto com a criança, que agora também tem mais interesse no pai enquanto descobre e constrói o eu.
No momento em que o pai assinala essa separação, ele libera a mãe e a criança. É quando tem os momentos exclusivos com a criança, construindo um relacionamento mais profundo, e muitas vezes até levemente fusional. É também quando impõe uma cisão entre mãe e filho, determinando limites, colocando-os de volta em suas camas à noite e facilitando sua independência de dia. Tanto mãe quanto filho precisam dessa intervenção.
No momento em que a criança constitui o ‘eu sou’ a mãe volta a constituir-se como eu ‘não fusão’ e sente-se livre para novamente transitar no mundo, na sexualidade, na vida. Essa separação, portanto, se faz muito importante tanto para a construção do eu da criança quanto para a saúde emocional da mãe. Neste momento, inclusive, muitas mulheres engravidam novamente, pois estão abertas a uma nova fusão.
 No entanto, a tendência feminina assinala a fusão enquanto a masculina é para a separação. E, portanto, segundo a autora, faz-se necessária a presença do homem. De um papel paterno. Ela inclusive reforça que quando uma mulher se aproxima para exercer esse papel, segundo sua experiência, acaba por – ao invés da separação – formar uma nova fusão, a três.

SEXUALIDADE NO PÓS PARTO
A cumplicidade anteriormente mencionada, é extremamente importante por todo esse processo que acamos de descrever, transpassando um importante tema: a sexualidade. Durante todo esse momento delicado e complicado, o sexo está ausente porém latente na cabeça do casal, e se faz necessário compreender que a compreensão da sexualidade no puerpério é absolutamente importante, e faz parte tanto do apoio quanto da separação. Falamos mais detalhadamente nesse post e vale a pena ler!


AUSÊNCIA DE UM PAI
Na ausência de um homem que possa exercer esse papel paterno, para o apoiosugerimos uma rede que possa fortalecer esse vínculo da mãe e do bebê, rede essa que deve ser buscada e estabelecida ainda durante a gravidez. Caso envolva mulheres, faz-se necessário compreender as necessidades de uma mulher puérpera, e sobre isso aconselhamos ler aqui! Para a separação, a psicoterapeuta aconselha que a separação fusional (extremamente necessária e saudável) seja promovida pela própria mãe, com a busca de espaços pessoais e adultos com os quais possa construir um vínculo forte e importante, como um trabalho ou projeto que realmente lhe interesse de coração. Algo que lhe faça mergulhar no seu universo e no mundo adulto, separando-a do filho fusionado.
Quando o trabalho é gratificante, conectar-se com espaços pessoais e adultos torna-se liberador para a mãe.”

E ai, gostaram? Espero que tenham amado!
Mais sobre o tema? Leia aqui as possíveis expectativas irreais do pai com relação ao bebe, o puerpério da mãe e a paternidade!
Grande beijo!
#PsiMama


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