Na nossa série "não se educa à distância", insistimos bastante em dois pontos: a comunicação positiva com direito à verdade, e em não fazer com as crianças o que lhe parecer desrespeitoso fazer com adultos. E nesse ponto, precisamos falar da mentira.
Se mentir para adultos já é falta de respeito, para crianças ainda o é mais, uma vez que seu entorno muitas vezes depende do adulto, e a confiança neste adulto é fundamental para sua felicidade e desenvolvimento.
Quando contamos pequenas mentiras "leves" durante o dia (como falar que vai passear, mas na verdade leva pra tomar vacina), estamos quebrando essa confiança tão vital. Falar que vai para um lugar quando vai para outro, dizer que vai fazer algo de que a criança goste só para que pra de chorar ou faça o que se quer, contar mentiras para manipular ou fazer promessas que não irá cumprir, todos são fatores de quebra de confiança.
E aos poucos, desconfiada dos adultos que a cercam, a criança se sente sozinha. Não sabe se acredita, em quem confia. E as incertezas e ambivalências de hora ser verdade hora não podem ter consequências em suas verdades próprias e sentimentos.
O mesmo acontece quando mantemos segredos ou "poupamos" a criança de detalhes do convívio familiar - ela vive dentro de uma realidade diferente daquela que falam pra ela. Muitas vezes, inclusive, a criança sente que algo está faltando, que não estão lhe contando tudo, e isso reforça a quebra de confiança.
Desde o início da vida, é muito importante que seja dito à criança todas as verdades que a cercam. Desde suas realidades e verdades externas, como para onde vamos, se já vamos embora, e como será o seu dia; até as realidades internas de cada um, como hoje estou triste, hoje estou feliz, te amo demais e estou com saudades de alguém.
Na primeira pessoa do singular, dizer essas verdades para a criança não só a situam dentro da realidade física e emocional de sua vida, como também ensina o contato com sua realidade interior e o raciocínio lógico e compressão de palavras. Além disso, vale ressaltar que para o adulto que fala essas verdades também é um tanto quanto liberador!
Esboçar a realidade da criança também tem seu valor, e ser um aliado é absolutamente importante. Se a criança tem medo, seja o porto seguro que explica a inexistência do bicho papão, ao invés de reforça-lo. Dizer que a vacina pode doer sim, mas que juntos vamos enfrentar é muito mais válido do que dizer que não vai doer. Segurar a mão e dar apoio é absurdamente mais importante do que segurar a criança para que "dê vacina logo".
Garantir que as crianças confiem nos adultos que a cercam pode facilitar muito mais essas atividades diárias do que se imagina. Além de ter valor fundamental no desenvolvimento, na auto confiança e segurança, e futuramente na vida adulta.
Beijos
#PsiMama
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