Texto que toda gestante deveria ler sobre preparo para o
puerpério.
Na semana passada, falamos aqui a diferença da “Loucura
Necessária” e a Depressão Pós-Parto (aqui). Hoje, vamos abordar um outro
sintoma do puerpério que é confundido, e que também foi tema de polêmica nos
últimos dias. A Expectativa Irreal Infatil, descrita pela auto Laura Gutman no
seu livro “A Maternidade e o encontro com a própria sombra” (dica de leitura aqui).
Na gravidez, em especial de primeira viagem, tendemos a ser
tomados por uma ingenuidade absoluta, uma vez que a tendência social é de
colocar as gravidinhas num trono dourado. São recebidas com graça, recebem
tratamento especial e prioridades, são acariciadas e bajuladas, fotografadas e
romantizadas .E num estado quase de embriaguez por toda essa fantasia, acabam por deixá-las infatilizadas e cercadas de pensamentos supérfulos (quartinho, roupinha, lembracinha
da maternidade, etc), como se logo fossem estar brincando de boneca.
No entanto, faz-se necessário preparar –se e empoderar-se
para o puerpério (mais aqui), e apesar do movimento atual de desromantização da maternidade,
ainda é um tema pouco abrangido, e ainda vemos a maioria das mulheres rumando
ao parto nesse estado infatil, como
coloca a autora no livro, “fazendo ouvidos moucos às propostas de se fundir com
sua alma sábia e ficarem em condições emocionais de se tornar mães.”
Muitas vezes, inclusive, têm essa mesma noção infantil em
sua preparação para o parto, imaginando que será aquilo que gostariam que
fosse, ao invés de se preparar para o que realmente está por vir (mais aqui). E
nesse movimento, acabam por ter uma experiência de parto mais ou menos
harmônica, muitas vezes frustrante ou pouco pensada, o que resulta numa entrada
para o puerpério também frustrada ou pouco pensada e harmônica.
E permanecendo nessa posição infantil, com expectativas
infantis, quase que temendo ou se negando a entrar na realidade do mundo
adulto, dão de cara com a realidade do puerpério e ai está o perigo!
Está
ai o sintoma tão confundido com Depressão Pós Parto, que chamo de Expectativa
Irreal Infantil. Laura descreve:
“Quando temem entrar no mundo adulto e dão à luz em um estado infantil, o bebê real tem pouco
a ver com o bebê imaginado, sonhado e fantasiado a partir do conto de fada que
vêm contando a si mesmas desde pequenas.”
E reforçadas pela sociedade.
Uma vez que a o recém nascido se faz enquanto manifestação
organizada da sombra da própria mãe, isto é, de tudo que rejeita, desconhece ou
que lhe dói em seu mais profundo ser; então esse bebê será exatamente aquilo
que a mãe infantil não espera: um bebê real. Ele chora sem parar, não adere ao peito, é muito
magro, muito cinza, muito feio, não se conecta, muito inquieto, não a “deixa em
paz”, não a “permite viver”. É completamente diferente do bebê fantasiado. É o
desconhecido.
E ai temos o choque
brutal entre o estado de embelezamento da gravidez e o bebê real de carne e
osso que chora sem parar.
Esse choque vem em forma de revolta, tristeza, solidão. A
mulher puérpera, no auge dos hormônios e do encontro com a própria sombra,
sente-se enganada. “Ninguém me contou que seria assim”. Sente-se sozinha, às
vezes acreditando que a maternidade é como em sua fantasia para muitas, só não para ela.
E aqui fica a sugestão mais importante de todas:
Prepare-se e empodere-se para o puerpério.
Aproveitar os 9 meses de gestação
para se preparar não só para o parto, mas para o processo de desestruturação emocional que acontecerá depois dele.
Por ser um momento rico, esse processo pode ser aproveitado quando estamos
preparadas pra ele, na medida em que estejamos dispostas a ir de encontro com a própria sombra, olhar as partes escuras do eu, e conhecer-se como nunca. E
ingressar nessa experiência é exclusivo à mulher-adulta. Não é possível
vivenciá-la de forma saudável num estado infantil.
Mas a decisão de fazê-lo é
pessoal, na medida em que se faz necessário primeiro entrar em contato com esse
estado infantil, assumi-lo, para depois empoderar-se e deixá-lo.
A autora insiste:
“é indispensável saber de antemão que a sombra fará uma
aparição desmedida durante o pós-parto; caso contrário, cada nova sensação
assustará!”
Portanto, não sejamos cúmplices da ingenuidade que a mulher
grávida tende a carregar. Sejamos carinhosamente realistas, desromantizando sem
deixar que a beleza se perca, e permitindo que acessem o mundo adulto durante
os nove meses, para que - com expectativas reais - possam aproveitar plenamente as
oportunidades do puerpério, e curtir de forma consciente o nascimento de seus
bebês reais.
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Grande beijo!
#PsiMama
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