A Expectativa Irreal e a confusão com Depressão Pós-Parto: o que toda gestante deveria saber!

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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Texto que toda gestante deveria ler sobre preparo para o puerpério.

Na semana passada, falamos aqui a diferença da “Loucura Necessária” e a Depressão Pós-Parto (aqui). Hoje, vamos abordar um outro sintoma do puerpério que é confundido, e que também foi tema de polêmica nos últimos dias. A Expectativa Irreal Infatil, descrita pela auto Laura Gutman no seu livro “A Maternidade e o encontro com a própria sombra” (dica de leitura aqui).

Na gravidez, em especial de primeira viagem, tendemos a ser tomados por uma ingenuidade absoluta, uma vez que a tendência social é de colocar as gravidinhas num trono dourado. São recebidas com graça, recebem tratamento especial e prioridades, são acariciadas e bajuladas, fotografadas e romantizadas .E num estado quase de embriaguez por toda essa fantasia, acabam por deixá-las infatilizadas e cercadas de pensamentos  supérfulos (quartinho, roupinha, lembracinha da maternidade, etc), como se logo fossem estar brincando de boneca.  

No entanto, faz-se necessário preparar –se e empoderar-se para o puerpério (mais aqui), e apesar do movimento atual de desromantização da maternidade, ainda é um tema pouco abrangido, e ainda vemos a maioria das mulheres rumando ao parto nesse estado infatil, como coloca a autora no livro, “fazendo ouvidos moucos às propostas de se fundir com sua alma sábia e ficarem em condições emocionais de se tornar mães.”

Muitas vezes, inclusive, têm essa mesma noção infantil em sua preparação para o parto, imaginando que será aquilo que gostariam que fosse, ao invés de se preparar para o que realmente está por vir (mais aqui). E nesse movimento, acabam por ter uma experiência de parto mais ou menos harmônica, muitas vezes frustrante ou pouco pensada, o que resulta numa entrada para o puerpério também frustrada ou pouco pensada e harmônica.

E permanecendo nessa posição infantil, com expectativas infantis, quase que temendo ou se negando a entrar na realidade do mundo adulto, dão de cara com a realidade do puerpério e ai está o perigo! 

Está ai o sintoma tão confundido com Depressão Pós Parto, que chamo de Expectativa Irreal Infantil. Laura descreve:

Quando temem entrar no mundo adulto e dão à luz em um estado infantil, o bebê real tem pouco a ver com o bebê imaginado, sonhado e fantasiado a partir do conto de fada que vêm contando a si mesmas desde pequenas.”

E reforçadas pela sociedade.

Uma vez que a o recém nascido se faz enquanto manifestação organizada da sombra da própria mãe, isto é, de tudo que rejeita, desconhece ou que lhe dói em seu mais profundo ser; então esse bebê será exatamente aquilo que a mãe infantil não espera: um bebê real. Ele chora sem parar, não adere ao peito, é muito magro, muito cinza, muito feio, não se conecta, muito inquieto, não a “deixa em paz”, não a “permite viver”. É completamente diferente do bebê fantasiado. É o desconhecido.

E ai temos o choque brutal entre o estado de embelezamento da gravidez e o bebê real de carne e osso que chora sem parar.

Esse choque vem em forma de revolta, tristeza, solidão. A mulher puérpera, no auge dos hormônios e do encontro com a própria sombra, sente-se enganada. “Ninguém me contou que seria assim”. Sente-se sozinha, às vezes acreditando que a maternidade é como em sua fantasia para muitas, só não para ela.

E aqui fica a sugestão mais importante de todas:

Prepare-se e empodere-se para o puerpério. 

Aproveitar os 9 meses de gestação para se preparar não só para o parto, mas para o processo de desestruturação emocional que acontecerá depois dele. Por ser um momento rico, esse processo pode ser aproveitado quando estamos preparadas pra ele, na medida em que estejamos dispostas a ir de encontro com a própria sombra, olhar as partes escuras do eu, e conhecer-se como nunca. E ingressar nessa experiência é exclusivo à mulher-adulta. Não é possível vivenciá-la de forma saudável num estado infantil. 

Mas a decisão de fazê-lo é pessoal, na medida em que se faz necessário primeiro entrar em contato com esse estado infantil, assumi-lo, para depois empoderar-se e deixá-lo.
A autora insiste:

“é indispensável saber de antemão que a sombra fará uma aparição desmedida durante o pós-parto; caso contrário, cada nova sensação assustará!”

Portanto, não sejamos cúmplices da ingenuidade que a mulher grávida tende a carregar. Sejamos carinhosamente realistas, desromantizando sem deixar que a beleza se perca, e permitindo que acessem o mundo adulto durante os nove meses, para que - com expectativas reais - possam aproveitar plenamente as oportunidades do puerpério, e curtir de forma consciente o nascimento de seus bebês reais. 

Quer ler mais relacionado à esse post? Clique em Puerpério ou Empoderamento. :)

Grande beijo!

#PsiMama




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