Vamos à um assunto mega delícia de falar, que é a adaptação dos pequenos.
Coloquei na imagem a referencia à creches, escolas e babás por ser uma necessidade tendo em vista a época do ano que estamos (volta às aulas, fim das férias). Mas vamos falar de adaptação no geral, que compreende também essa situação especial.
Bom, como já falamos anteriormente, os bebês são seres fusionais! Quando recém- nascidos, formam a fusão mãe/ bebê, e conforme o tempo passa vão criando laços de fusão com cada pessoa (ou objeto) que se fazem presentes. Como diria nossa querida Laura Gutman, "o bebê é na medida em que se funde com aquilo que o cerca". Ela afirma também que "esse ser com o outro é um caminho relativamente longo de construção psíquica em direção ao 'eu sou'".
Mas como compreender isso na prática?
O exemplo lindo que ela dá no livro "A Maternidade e o encontro com a própria sombra" (dica de leitura valiosíssima aqui ) que vale ser repetido, lembrado e muitas vezes virá à tona na sua lembrança é:
Festinha de aniversário. A mãe doida pro filho se engajar e curtir a festa. Mas o pequeno fica grudado nela. Depois, começa a observar atentamente, e do meio pro final da festa, realmente entra no clima! Quando chega ao final da festa, a criança está toda empolgada e doida para ficar. Por que?
Por que essa criança está em fusão emocional com aquela nova realidade.
Percebe? As crianças precisam de tempo para estabelecer uma relação com o lugar, os sons, o cheiro, a dinâmica, a atividade, os novos rostos.. E como o tempo das crianças é diferente daquele dos adultos, quando a criança está finalmente pronta para se relacionar com aquela novidade, é exigido dele mais uma vez que mude sua realidade e recomece a fusão emocional com outra.. sair dali, ir pra um carro, pra casa, pro silêncio, etc.
Isso acontece na creche, na festinha, na casa da avó ou no parquinho. Não importa a situação, a adaptação das crianças têm o tempo delas. E isso é necessário que a gente entenda não só para adaptações grandes, como nova creche ou novas rotinas, mas também pra essas pequenas situações diárias de festinhas e almoço em família.
Uma dica super valiosa é oferecer tempo. Para permitir que passem de uma fusão à outra, respeitando essa realidade da criança. Não chame-o pra ir embora com pressa, em cima da hora, ou arrancando sem permissão. Avise, dê tempo, mostre que você respeita aquele espaço que ele precisa e que vocês estão juntos nessa.
Outra dica também super valiosa: os objetos de transição. Normalmente, as crianças aceitam melhor a ruptura com essa nova fusão quando levam consigo algo que as conecte com o lugar com o qual entraram em relação fusional! Você fica super sem graça por que seu filho quer levar alguma coisa da creche, da casa da avó ou da festinha, mas é importante saber que faz parte do processo dele! Permitam, com o compromisso de devolver na próxima visita.
Laura Gutman afirma que temos "a mesma capacidade de compreensão do dia que nascemos ao dia que morremos", e aí fica a próxima dica: explique com clareza para a criança todas as etapas. Diga pra ela pra onde estão indo. Quando chegar, aonde estão. Quando for a hora de ir, que estão indo e para onde. A criança precisa entender o que está acontecendo para aceitar e se sentir respeitada.
Dica final? Quando você tem total confiança em todas essas etapas, passa essa confiança e segurança para a criança. E isso é fundamental para que ela aceite essas transições sem medo. Principalmente aquelas que se tornarão rotina e compromisso diário. Para que não se tornem um pesadelo nos dias seguintes, a confiança é primordial. Assim como a clareza da situação.
Se a adaptação vai bem e um dia seu filho chora muito e te agarra forte, é preciso tempo e compromisso para que ele compreenda aquela realidade. Para que ele tenha segurança e confiança. Entender que está ali por um tempo, e que você vai voltar.
Uma vez que você deixe ele sem entender e suma, terá consequências nos próximos dias. A credibilidade da situação se perde. E se a criança perde a confiança na situação, chegará um ponto em que só de entrar no carro ela já se desespere.
Mas fique tranquilo! Este estado fusional vai diminuindo com o passar dos anos, à medida que seu "eu sou" amadurece em seu interior psíquico e emocional. Geralmente, dão seu grande salto com o desenvolvimento da linguagem, dando início à lenta separação emocional.
Mas isso é o tema de outra postagem!
E ai, gostou? Espero que ajude bastante!!
Compreender os processos pelos quais passam nossos filhos nos ajuda nos nossos próprios processos internos!
Beijos
#PsiMama
No meu caso, a adaptação é pra mim, deixa-lo com pessoas que não conheço; ele vai e se diverte, eu deixo e saio chorando.
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