Da série “Não se educa à distância”: Precisamos aprender e ensinar a Comunicação Positiva – para pais e mãe reais.

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sábado, 20 de fevereiro de 2016
Primeiro ponto importante: texto feito para pais reais

Sabemos que temos hoje um movimento lindo que quer gritar para o mundo o quão desnecessário e insalubre é a expectativa dos “pais perfeitos”. Eles não existem! Essa pressão atrapalha muito mais do que ajuda, quando passa para os pais a sensação irreal de que existem pais perfeitos e que eles não fazem parte desse grupo. Ninguém faz! 

O objetivo do nosso trabalho é exatamente deixar isso claro, explicando processos, dando dicas facilitadoras, e promovendo o questionamento e auto conhecimento, para aumentar a sensação de dever ‘bem’ comprido e a satisfação na parentalidade.

O segundo ponto reforça o primeiro: o tema de hoje, a Comunicação Negativa (assim como grande parte dos temas aqui abordados), pode ter sido aprendida por nós em nossas infâncias e processos adultos, por caminhos que foram traçados culturalmente nas gerações anteriores. Saber disso torna conscientizar-se mais tranqüilo, uma vez que tudo fica mais claro, e não tem culpa. Não tem peso. Fazemos apenas a proposta de analisar nossas vidas e evitar padrões negativos para que possamos ter uma vida melhor.  

Desenvolvemos uma auto-percepção tal, que nos possibilita não insistir no erro e, mais importante ainda, não ensiná-lo aos nossos pequenos.

O que é a Comunicação Negativa?

Como sempre, explicaremos com um exemplo: 

Uma mãe puérpera, no auge a sua Loucura Necessária pós-parto ( tema abordado aqui), cheia de medos e ansiedades inerentes à fase, não tem um espaço para falar de suas angustias. Em seu universo reduzido à casa e o bebê, sua válvula de escape é uma escapadinha para o pediatra, obrigação essa que não carrega a culpa de outras atividades – isso ela tem autorização para fazer. Lá, ela encontra um ser disponível para ouví-la, mas que está com o tempo corrido, à procura de questões médicas relacionadas ao bebê. A mãe, então já sem perceber, passa a comunicar-se com esse seu único aliado através da linguagem que ele melhor entende: a doença. Encontra nos remédios as respostas que procura. Ela aprendeu a Comunicação Negativa, nesse momento em que ela tão desesperadamente precisa de qualquer comunicação.

O mesmo acontece com o bebê: ele percebe que quando está quieto e comportado, sua mãe some (aproveita para tomar banho, lavar a louça, fazer outras coisas). Quando começa a chorar, ela volta. Ele aprende que a perde quando se comporta bem, e a tem quando se comporta mal. Quando adoece, a mãe preocupada permanece presente. Quando ele melhora, ela aproveita para descansar. Ele aprende que doente ele a tem. Aprende, então, que chorar muito, agitar-se e adoecer trazem a presença constante da mãe.



Mas, então, o que eu faço??

É importante primeiro de tudo lembrar que a mulher puérpera precisa de apoio! Sozinha, lidar com todas essas questões se torna muito mais limitado e exaustivo. Ter alguém com quem conversar, com quem contar, com quem possa estabelecer uma Comunicação Positiva (alguém que respeite sua loucura necessária, suas vontades com o bebê e, principalmente, ajude nas tarefas práticas da casa (mais sobre isso aqui ). Durante o período da exterogestação ( falamos dela aqui), esse apoio se faz necessário para que a Comunicação Positiva se estabeleça tanto para a mãe quanto para o bebê. 

Essa fase inicial será crucial para a saúde emocional de todo o processo pelo qual a díade mãe/bebê passará nos meses (e anos) subseqüentes.  

Quando isso é possível, o mecanismo de comunicação base da casa é positivo e saudável e, portanto, são transmitidos para o bebê e sustentados pelos adultos. Isto é, ele não precisa chorar nem adoecer para ter a presença de sua mãe, que tem o apoio necessário para estar na relação fusional com o bebê por inteiro. Então mesmo que ela não esteja o tempo todo fisicamente, ela está com o bebê enquanto fusão.

Outra forma comum de Comunicação Negativa - ou a forma que ela se apresenta posteriormente - é a literal "negatividade" na comunicação como um todo, em que acabamos nos posicionando sem passar a confiança necessária ao aprendizado, bem como sem ensinar alternativas ao que se nega. Como assim? Vamos ao exemplo.

Uma criança de quatro anos quer pegar um copo de vidro com água numa mesa alta. A mãe grita "Você vai derrubar esse copo". Sem confiar em si, mas ainda acreditando que deve tentar, a criança vai descrente de si, pega o copo de mal jeito, o derruba e quebra. Ela se sente mal, incapaz, e sente que não deveria ter nem tentado.

Mas ela deveria sim! Ela precisa disso. As crianças precisam aprender a tentar, a insistir, a explorar. No entanto, ela sabe pouco da fragilidade do copo, da pouca força de suas mãos, da altura da mesa. 

Se, ao invés, a mãe dá suporte, dizendo "Você vai conseguir, filha. Pegue com cuidado, devagar e segure com força" a menina tem mais chances de conseguir. E de aprender! E conquista confiança em si. E pega o copo sozinha com mais facilidade das próximas vezes.O que torna a comunicação e toda a experiência mais positiva.



No entanto, quando a Comunicação Negativa é aprendida, ela pode se instalar de maneira tal que será carregada por toda a existência. Até por que, se é algo que acaba sendo aprendido pela mãe e ensinado pra criança, grandes são as chances de ser a forma base de comunicação da casa, reforçada diariamente pela família.

Já a Comunicação Positiva é questão de hábito. E como todo hábito, a gente tem que praticar, no começo não é fácil, mas depois vai no automático. E não vamos conseguir sempre, nem toda hora, nem em todas as situações. 

Sobre a comunicação com crianças, vamos abordar melhor no próximo post “Comunicação com a Criança: o direito à verdade”.

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Bom fim de semana!

beijos

#PsiMama




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