Nós já abordamos aqui a relação entre a amamentação em livre
demada e o desenvolvimento da auto-regulação, lembram?
Quando o bebê tem a liberdade de mamar o quanto quiser quando
quer, ele aprende a mamar o tanto que precisa, quando precisa. Uma vez que
tenha a segurança de que terá leite novamente assim que pedir, aprende que não
há desespero e que pode mamar até sua saciedade plena.
No entato, esse aprendizado precisa ser mantido na
introdução alimentar. E hoje vamos abordar um método que auxilia nesse processo.
Mas antes, vamos para
uma cena que acontece muito freqüentemente em casa, na introdução alimentar:
O bebê senta de forma passiva em sua cadeirinha, cheio de
energia, quer se mexer, quer brincar, fazer bagunça. O adulto quer que ele
coma, e “coma bem” (geralmente, sinônimo de comer toda a quantidade de comida
pré-establecida que está em suas mãos). Ao longo da refeição, o bebê quer
explorar o momento, pegar na papinha, na colher, nos pedaços. O adulto não
deixa, por que vai fazer muita bagunça ( ou deixa até certo limite, por que a
papinha mole rapidamente se transforma numa bagunça interminável. Ac criança
insiste, se estressa, não quer mais comer, mas o adulto quer que ele coma mais,
“comeu pouco”, se estressa também, e insiste. Enquanto o bebe continua querendo
explorar a papinha. O adulto grita “não pode”, ele ainda sim tenta, passa a mão
na boca suja de comidinha amassada, suja tudo, o adulto força uma ultima colherada,
o bebê chora, o adulto grita “você precisa comer!”. Todos se estressam. E o
momento toma uma conotação negativa, a alimentação passa a ser um momento que
todos temem. Ou um momento de alienação – decide-se por ligar um desenho ou
algo que distraia a criança, que come passivamente e o tanto que o adulto quer.
Está resolvido. Mas será?
Hoje vamos abordar, então, o método de introdução alimentar que está conquistando cada vez mais espaço aqui no Brasil, o BLW. Isto é, a introdução alimentar guiada pelo bebê.
Vale dizer que a alimentação complementar tem como objetiv complementar o leite, sendo que a nutrição e alimentação principal do bebê continua sendo o leite, até que o próprio bebê demonstre diferente. Então se o bebê come pouco e mama muito, faz parte e é super esperados.
Outra observação importante é entender que o estômago do bebê é do tamanho de seu punho, isto é, muito pequeno. Não tenha a expectativa que ele coma grandes quantidades.
Mas é a visão psi disso? Nós também amamos! BLW é um método
que propicia o desenvolvimento (ou a manutenção) da auto-regulação, uma vez que
o bebê é o condutor da própria alimentação (assim como na livre demanda). Por
terem os pedaços de comida nas mãos, aprendem de forma lúdica e no próprio
tempo a explorar os sentidos, conhecendo diferentes texturas, gostos, formatos.
O que também auxilia no desenvolvimento psico-motor, uma vez que manipula
livremente os diferentes pedaços, aprendendo a segurar firme e à guiá-los até a
boca. Por ser uma atividade curiosa e divertida, também relaciona a alimentação
de forma positiva, tornando a alimentação um momento agradável e sem estresse.
Além disso, vale ressaltar que a introdução
alimentar acontece na fase oral do bebê (fase em que a exploração do mundo
inclui levar objetos à boca), além de ser época de dentinho vinho e coceirinha
nas gengivas, o que torna esse momento de exploração um momento também para
aliviar e explorar a boca, importante conhecimento para essa fase. Por fim, por
respeitar seus limites e seu tempo, o bebê – assim como na amamentação em livre
demanda – aprende a comer até estar saciado, sem forçar nem “querer terminar o que
começou”, o que é super saudável. Nós chamamos essa capacidade de
auto-regulação, que é um importante aliado na luta contra a obesidade no
futuro.
Quando optamos pela papinha, acabamos perdendo a
oportunidade de ensinar tanto ao bebê, uma vez que quem guia a alimentação e a
regulação são os pais. Além disso, misturam-se sabores e texturas, e o bebê
aprende menos os sabores, conhece menos as cores e formatos. Até por que,
cortam-se os pedaços do tamanho que se imagina adequado, dando a quantidade que
se imagina ser suficiente, no ritmo do adulto, no tempo do adulto.
E engasgos? Os estudiosos e praticantes de BLW afirmam que
as chances de engasgos são menores com o uso do método, uma vez que o bebê não
morde pedaços, mas vai devagar e no seu tempo ralando e chupando a comida. Por
estar em controle do alimento, coloca na boca a quantidade que lhe é
conveniente, ao contrário da papinha, que muitas vezes sem perceber podemos
estar dando pedaços grandes demais ou em quantidades muito maiores do que o
bebê gostaria naquele momento.
"Meu bebê toma mamadeira. Faz diferença pro BLW?"
Não, aliás, é ainda mais importante para quem toma mamadeira! Uma vez que o desenvolvimento da auto-regulação com o uso da mamadeira pode ser um pouco mais lento, por serem feitas quantidades pré-estipuladas, e os bebês não terem livre acesso ao leite nas quantidades que quiserem quando quiserem. Isso é dificultado na mamadeira por questões práticas mesmo. Faz parte.
Para o BLW, de acordo com a página Pediatria Descomplicada, a única diferença é que devem ter a introdução da água também (lembrando que sucos devem ser evitados até os dois anos de idade).
Caso tenham dúvidas, a página Pediatria Descomplicada aborda bastante o tema! E tem mais no site deles.
Espero que amem!
beijos
#PsiMama
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