O bebê e a auto-regulação: desenvolvendo autonomia aprendendo a saciedade via B.L.W.

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
Nós já abordamos aqui a relação entre a amamentação em livre demada e o desenvolvimento da auto-regulação, lembram?

Quando o bebê tem a liberdade de mamar o quanto quiser quando quer, ele aprende a mamar o tanto que precisa, quando precisa. Uma vez que tenha a segurança de que terá leite novamente assim que pedir, aprende que não há desespero e que pode mamar até sua saciedade plena.
No entato, esse aprendizado precisa ser mantido na introdução alimentar. E hoje vamos abordar um método que auxilia nesse processo.

 Mas antes, vamos para uma cena que acontece muito freqüentemente em casa, na introdução alimentar:
O bebê senta de forma passiva em sua cadeirinha, cheio de energia, quer se mexer, quer brincar, fazer bagunça. O adulto quer que ele coma, e “coma bem” (geralmente, sinônimo de comer toda a quantidade de comida pré-establecida que está em suas mãos). Ao longo da refeição, o bebê quer explorar o momento, pegar na papinha, na colher, nos pedaços. O adulto não deixa, por que vai fazer muita bagunça ( ou deixa até certo limite, por que a papinha mole rapidamente se transforma numa bagunça interminável. Ac criança insiste, se estressa, não quer mais comer, mas o adulto quer que ele coma mais, “comeu pouco”, se estressa também, e insiste. Enquanto o bebe continua querendo explorar a papinha. O adulto grita “não pode”, ele ainda sim tenta, passa a mão na boca suja de comidinha amassada, suja tudo, o adulto força uma ultima colherada, o bebê chora, o adulto grita “você precisa comer!”. Todos se estressam. E o momento toma uma conotação negativa, a alimentação passa a ser um momento que todos temem. Ou um momento de alienação – decide-se por ligar um desenho ou algo que distraia a criança, que come passivamente e o tanto que o adulto quer. Está resolvido. Mas será?

Hoje vamos abordar, então, o método de introdução alimentar que está conquistando cada vez mais espaço aqui no Brasil, o BLW.  Isto é, a introdução alimentar guiada pelo bebê. 

Vale dizer que a alimentação complementar tem como objetiv complementar o leite, sendo que a nutrição e alimentação principal do bebê continua sendo o leite, até que o  próprio bebê demonstre diferente. Então se o bebê come pouco e mama muito, faz parte e é super esperados.

Outra observação importante é entender que o estômago do bebê é do tamanho de seu punho, isto é, muito pequeno. Não tenha a expectativa que ele coma grandes quantidades. 

Mas é a visão psi disso? Nós também amamos! BLW é um método que propicia o desenvolvimento (ou a manutenção) da auto-regulação, uma vez que o bebê é o condutor da própria alimentação (assim como na livre demanda). Por terem os pedaços de comida nas mãos, aprendem de forma lúdica e no próprio tempo a explorar os sentidos, conhecendo diferentes texturas, gostos, formatos. O que também auxilia no desenvolvimento psico-motor, uma vez que manipula livremente os diferentes pedaços, aprendendo a segurar firme e à guiá-los até a boca. Por ser uma atividade curiosa e divertida, também relaciona a alimentação de forma positiva, tornando a alimentação um momento agradável e sem estresse.  

Além disso, vale ressaltar que a introdução alimentar acontece na fase oral do bebê (fase em que a exploração do mundo inclui levar objetos à boca), além de ser época de dentinho vinho e coceirinha nas gengivas, o que torna esse momento de exploração um momento também para aliviar e explorar a boca, importante conhecimento para essa fase. Por fim, por respeitar seus limites e seu tempo, o bebê – assim como na amamentação em livre demanda – aprende a comer até estar saciado, sem forçar nem “querer terminar o que começou”, o que é super saudável. Nós chamamos essa capacidade de auto-regulação, que é um importante aliado na luta contra a obesidade no futuro.

Quando optamos pela papinha, acabamos perdendo a oportunidade de ensinar tanto ao bebê, uma vez que quem guia a alimentação e a regulação são os pais. Além disso, misturam-se sabores e texturas, e o bebê aprende menos os sabores, conhece menos as cores e formatos. Até por que, cortam-se os pedaços do tamanho que se imagina adequado, dando a quantidade que se imagina ser suficiente, no ritmo do adulto, no tempo do adulto.


E engasgos? Os estudiosos e praticantes de BLW afirmam que as chances de engasgos são menores com o uso do método, uma vez que o bebê não morde pedaços, mas vai devagar e no seu tempo ralando e chupando a comida. Por estar em controle do alimento, coloca na boca a quantidade que lhe é conveniente, ao contrário da papinha, que muitas vezes sem perceber podemos estar dando pedaços grandes demais ou em quantidades muito maiores do que o bebê gostaria naquele momento.


"Meu bebê toma mamadeira. Faz diferença pro BLW?" 
Não, aliás, é ainda mais importante para quem toma mamadeira! Uma vez que o desenvolvimento da auto-regulação com o uso da mamadeira pode ser um pouco mais lento, por serem feitas quantidades pré-estipuladas, e os bebês não terem livre acesso ao leite nas quantidades que quiserem quando quiserem. Isso é dificultado na mamadeira por questões práticas mesmo. Faz parte.
Para o BLW, de acordo com a página Pediatria Descomplicada, a única diferença é que devem ter a introdução da água também (lembrando que sucos devem ser evitados até os dois anos de idade).



Caso tenham dúvidas, a página Pediatria Descomplicada aborda bastante o tema! E tem mais no site deles.

Espero que amem!

beijos

#PsiMama

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