(o que precisamos saber antes de decidir ter um filho?)
Nós já falamos da expectativa irreal das mães (aqui), mas algumas
pessoas vem me procurar com questões relacionadas às expectativas dos pais.
São em sua maioria mulheres que têm um bebê real nos braços e um marido
do lado achando estranho tudo de mais natural que acontece – o bebê chorar
muito, acordar à noite, mamar o dia inteiro, ser muito apegado à mãe, as
reações da mãe à maternidade e o puerpério, enfim. Coisas normais e esperadas
numa casa que acaba de receber um bebê.
Além disso, muitas me questionam do
papel deles nisso tudo – por que não são poucas as que vem me dizer que se
sentem muito sozinhas, pouco apoiadas. Que os maridos continuam suas vidas no
mesmo ritmo de antes, e colocando a licença maternidade como se fosse tempo livre e o
trabalho deles como se fosse prioridade. O tempo delas em casa como se fosse
tempo de lazer e o direito ao lazer e ao sono deles mesmos como algo inadiável.
É interessante ressaltar, então, que o projeto familiar
requer cumplicidade e generosidade, fatores fundamentais para a saúde do
relacionamento do casal e, consequentemente, para a construção da família.
Faz-se necessário que ambos compreendam a importância de se apoiarem e se
respeitarem, e acima de tudo, entenderem que esse projeto é algo que deve ser
construído à dois: ambos precisam participar ativamente. Isso significa que vão
trabalhar em equipe, e enquanto equipe ambos vão passar por experiências
deliciosas, mas também por momentos difíceis. Que ambos vão conhecer uma nova
vida, mas também abrir mão de coisas da vida antes do bebê, nem que seja apenas
nos primeiros anos.
A compreensão de que esse projeto é responsabilidade dos
dois é fundamental até antes da gravidez! É preciso entender que existe uma
diferença grande entre ter filhos e ser pais. Para ter filhos, basta
engravidar ou adotar. Para ser pais, os responsáveis precisam realmente se
envolver, se dedicar, e topar abrir mão do que precisar sem pensar duas vezes.
É lógico que você precisa se respeitar, respeitar seus limites, ter seus
momentos de lazer e o sono. Mas essas coisas podem demorar para ser possíveis e
isso precisa ficar claro para todos os envolvidos na decisão de construir
uma família!
É necessário entender que bebê chora muito, mama e dorme
pouco e que vive grudado na mãe. Seu filho pode ser diferente disso? Pode. Mas
é natural que ele seja assim, como todo filhote de mamífero na natureza.
Principalmente um que nasce tão prematuro comparado aos outros, como nós
humanos. Portanto, faz-se necessária a exterogestação
(ler mais). Além disso, é muito importante entender que tanto no parto quanto
no pós-parto, a mãe precisa de apoio do
marido. Por mais que tenha o apoio de outras pessoas, se tem um marido em
casa, esse apoio é crucial e
insubstituível. No puerpério (pós parto), as mulheres passam por fases
inerentes ao momento, em que podem se sentir muito confusas, tristes, perdidas
e inseguras. Esse momento, que chamamos de Loucura Necessária, faz parte de um
processo de introspecção, crucial à busca de sua mãe interior, e que precisa invariavelmente desse apoio!
(Sobre loucura necessária no puerpério ler mais)
Outro assunto interessante é a sexualidade do casal nessa
fase, que muitas vezes tem conotação diferente para cada um, e faz-se
absolutamente necessário que ambos compreendam que o amor e o carinho mútuo
devem prevalecer. Nessa fase em que a mulher está em fusão emocional com o bebê
e se recuperando de uma série de tornados internos, saber que tem a compreensão
e o apoio do marido é tão importante quanto ter a certeza de que não precisa fugir dele. Porque ele
não pede aquilo que ela não pode dar naquele momento. Ele entende, respeita, e
aceita que é um momento de ambos namorarem e se curtirem mais do que de transar e cobrar.
(Sexo no pós parto mais aqui)
Além disso, mais tarde, será o pai que fará a separação
fusional dessa díade mãe/bebê, que fará a recuperação dessa mulher sexual, e a
participação desse pai desde o começo faz-se crucial à esse processo, que é
construído e perpassado em
família.
(sobre o papel do pai aqui)
Enfim, a paternidade é construída quando o homem compreende
que é tão responsável quanto a mulher. Quando
entende sua função, e a exerce com orgulho e carinho, por que ama aquela mulher, a respeita e vela por
ela. Quando cuida do filho por que entende que ele também é seu, e toma para si as consequências de ter decidido
colocar aquele serzinho no mundo. E
entende que isso é bom, que pode ser difícil, mas que faz parte!
O que diferencia as pessoas que têm filhos das que decidem ser pais é a
dedicação e compreensão da responsabilidade que têm em mãos.
E é extremamente necessário que se pense e elabore isso
muito antes do bebê chegar.
Seja antes da decisão, seja durante a gravidez. Mas ainda sim depois do nascimento do bebê é melhor do que nunca.
Seja antes da decisão, seja durante a gravidez. Mas ainda sim depois do nascimento do bebê é melhor do que nunca.
Esse
filho é seu também!
Cuide dele de verdade, com muito amor e carinho!
E, lembre-se:
Por mais difícil que esteja, essa fase vai passar!
Grande beijo
#PsiMama
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