Em crianças, até o desenvolvimento total da linguagem verbal, e posteriormente de forma gradual até a maturidade emocional, o choro é comunicação e catarse.
Mas, muitas vezes, cansados e com compromissos, nos pegamos evitando situações que podem levar as crianças a chorar. Evitamos de dar tchau ao sair, evitamos de levá-las a lugares divertidos por pouco tempo, evitamos comer coisas que elas vão pedir, etc.
No entanto, muitas vezes ao fazer isso, atrapalhamos as crianças a aprender a lidar com a frustração, com a tristeza, com o que não se pode ter ou não se pode controlar.
Dessa forma, nem nós nem eles aprendemos a lidar com o choro, a entender que faz parte da vida, e que expor seus sentimentos - ficar triste e chorar - é bom. Que apesar da situação, está tudo bem. Aprender, principalmente, a entrar em contato com os sentimentos (a verdade interior), a comunica-los e que isso faz bem.
Outro problema desse tipo de padrão é que tendemos à privar as crianças do direito à verdade (tanto externa, quanto interna, nossa e deles- conforme explicado no post anterior), mentindo ou omitindo para evitar situações estressantes para nós, mas essenciais e importantes para o desenvolvimento e aprendizado deles.
E nesse momento algo muito importante precisa ser dito!
As crianças precisam saber das verdades que a rodeiam (externas e internas), e aprender a entrar em contato com a própria verdade interior. Com isso, aprendem a entrar em contato com a tristeza e a frustração, além de aprenderem a lidar com esses sentimentos, para se tornarem adultos seguros.
Quem aprende a lidar com frustração tende a sofrer menos em situações que demandam inteligência emocional.
Então a comunicação com direito à verdade faz-se primordial. Não só em situações cotidianas (dia a dia, rotina, etc) e de vida (como divórcio, morte e segredos) como mencionado no post do Sábado passado. Mas também, e muito importante, em situações menos significativas, mas muito importantes, como em jogos e brincadeiras.
Aprender as regras, aprender a perder, aprender a lidar com as situações emocionais que envolvem o jogo, são absolutamente importantes para, posteriormente, lidar com coisas mais sérias.
Por isso, brincar com as crianças é tão importante! Na psicologia infantil, a ludoterapia é muito usada para isso. Os pais pensam que as crianças estão indo ao consultório brincar, mas estão na verdade usando essa ferramenta para aprender (ou detectar) o desenvolvimento dessas habilidades psíquicas tão importantes mas pouco estimuladas.
Mas para isso, precisamos entender uma coisa : choro é diferente de sofrimento. E essa diferença fica ainda maior quando há o respeito ao tempo de adaptação à situações, aliado à comunicação com direito à verdade. (Ambos temas de posts anteriores)
E aqui fica a antiga mas não menos importante Dica Rica PsiMama!! Em situações que a criança tende a chorar e se estressar, é incrivelmente importante:
1) avisá-la com antecedência (em uma conversa normal, olho no olho) da realidade por vir (para respeitar seu tempo de adaptação e prepará-la);
2) falar de forma direta e olho no olho no momento da mudança (vou sair, por exemplo);
3) respeitar o choro se vier, explicando com carinho novamente;
"Ah, mas quem tem tempo pra isso tudo?!"
No início pode ser estranho e levar tempo, mas quando os adultos e as crianças se acostumam com esse HÁBITO, fica cada vez mais fácil e rápido.
Exemplo: ir para creche
1) de uma a meia hora antes de sair (com o hábito se aprende o tempo de cada criança), avise "filho, está chegando a hora da creche.Daqui a pouco vamos nos arrumar e vou te levar lá! Você vai encontrar a professora e seus amigos e brincar, enquanto eu vou pro trabalho. Depois eu te busco como todos os dias."
2) na hora de ir: "vamos, filho, está na hora de ir para a creche. Vamos sentar na cadeirinha do carro, e eu vou te levar lá. E vou trabalhar a tarde toda e te buscar depois como todos os dias"
3) se a criança se recusar a ficar na creche, chorando, o ideal é respeitar o tempo dela (para isso pode ser necessário ir mais cedo que para que você não se atrase). "Vai brincar que eu estou aqui. Mas eu vou embora daqui a pouco. Vai brincar e se distrair, olha seus amigos! Eu vou trabalhar e te busco depois" e respeite o tempo de adaptação.
Não saia de surpresa, não deixe a criança chorando e saia, não banalize dizendo "daqui a pouco ela acalma". Por uma questão de confiança. A longo prazo, é crucial que haja confiança para que a situação melhore com o tempo, e não o contrário.
Ou seja, quanto mais a criança confiar que não vai ser enganada nem vai ouvir mentiras, quanto mais segura se sentir, mais fácil serão essas situações no futuro (vai ficar tranquila na creche, por exemplo, por se sentir confiante e segura com sua volta). Além da importância posterior na vida adulta.
E se acalme. É muito importante a segurança do adulto, a calma e tranquilidade para passar segurança, calma e tranquilidade pra criança. Em todas as situações de choro ou estresse. Caso esteja difícil pra você, peça ajuda para outro adulto. Caso não tenha essa opção, feche os olhos e se imagine indo para um lugar calmo. E só depois de se acalmar, tente de novo acalmar a criança (pode parecer bobo mas funciona!).
Esse exercício do tempo de adaptação e o direito à verdade são hábitos, e como todo hábito é estranho no começo mas com o tempo fica automático, rápido e fácil.E super saudável também para todos os envolvidos, por serem momentos de aprendizagem emocional tanto para as crianças quanto para os adultos!
Depois nos contem a experiência!
💕
#PsiMama
Deixe Seu Comentário
Postar um comentário