Quando o assunto é chupeta, há uma certa guerra fria entre os defensores da chupeta e os absolutamente contra. Apesar de não querer gerar polêmica, é o tema que mais faz mães e pais me procurarem pela página.
Então vamos abordar de forma bem democrática, ou seja, sem opinião formada. Vou expor para vocês o que deve ser considerado (aspecto psi), e como sempre, sugerir que leia tudo e no fim das contas siga seu coração. Mas lembre-se: ler tudo antes é muito importante! Por que, inconscientemente, quando você for seguir sua voz interior, você estará considerando tudo que leu :)
Primeiramente, é muito importante dizer que já encontrei evidências de pediatras, odontopediatras e fonoaudiólogos tanto favoráveis como contrárias. No entanto, há um consenso de que a idade máxima para chupetas é de dois anos e meio à três anos.
Mas, mesmo a opinião dos favoráveis, consideram que deve-se evitar ao máximo exageros: não deixar que as crianças passem absolutamente todo o dia, todos os dias, de chupeta na boca.
Então vamos considerar, a fim de análise, que não tenha problemas odontológicos nem fonoaudiológicos, o que mais devemos considerar? Uns são favoráveis por que tirar o vício de chupeta é mais fácil do que tirar o vício de chupar o dedo. Outros consideram um absurdo colocar algo de silicone industrializado na boca de um bebê, que tem seu próprio dedo pra consolar-se sem depender de coisas externas. Uns dizem que pode-se dar peito nessas horas. Outros acham que é demandar demais das mães. Mas aí, vem a nossa parte.
Devemos considerar que, independente de todos esses fatores e todas essas informações, antes de decidir com qual das afirmações acima você concorda, antes de decidir pelo sim ou pelo não, se pergunte o "para quê?".
O que você espera desse acessório? Para que o quer? Qual a função que ocupa na sua expectativa? Qual a sua expectativa com relação à esse bebê (mais aqui)?
Essas informações vão te dar mais respostas do que imagina! É o que vai ditar se seu filho vai chupar chupeta o dia todo, ou só para dormir. Se ele vai ter um consolo ou uma bengala. Se vai vir pra acrescentar ou para substituir, para agregar ou para separar, para te ajudar ou para te poupar.
Muito mais do que escolher entre usar a chupeta ou não, é necessário decidir qual será a forma principal de lidar com aquele bebê ali na sua frente.
Como cuidar dele de forma que ele se sinta seguro, cuidado, acolhido? Qual sua expectativa com relação à esse bebê? Seria ela baseada num bebê real, ou no bebê ideal que você deseja e não abre mão? Você vai amamentar ou vai usar mamadeira?
Considerando que a amamentação vai muito além da nutrição, que dá colo e acolhe, que alimenta de segurança e paz, que é o refúgio para além da fome, mas também do medo, da inquietude, da dor e da solidão; podemos dizer, então, que o instinto de sugar é para garantir todas essas coisas. E quando colocamos a chupeta no bebê, estamos de certa forma querendo suprimir todas elas sem necessariamente a presença do seio materno. E então podemos, mais uma vez, nos perguntar "pra quê"? Fora raras exceções, a maior parte dos bebês tem isso. Nem que seja só a amamentação não nutricional. Então, para que substituí-lo?
Bom, cada um sabe seus limites, e por isso sugerimos seguir o coração. A análise prossegue para colocar todas as cartas na mesa, mas insisto que seja feito o que for melhor para cada um. Só peço, com carinho, que considere o bebê e não só os adultos.
Pode-se dizer, então, "para não exigir demais da mãe". Mas nessa hora que voltamos a falar da fusão emocional (mais aqui). Porque é absolutamente importante que a mãe tenha possibilidade de mergulhar nessa fusão, de viver sua relação com o bebê intensa e maravilhosamente conectada. E se a ideia é deixar a mãe dormir um pouco mais quando está exausta, faz sentido. Mas quando o objetivo é poupar para que possa engajar em outras atividades, então insisto que a única atividade da mulher puérpera deve ser conectar-se com o bebê e mergulhar em sua fusão!
Mais importante ainda é garantir que isso seja possível, livrando-a das outras tarefas e obrigações, e a deixando exterogestar (mais aqui) por, pelo menos, os três primeiros meses! Ter condições de deixar que o bebê fique no peito o tempo que ele precisar, sem ficar julgando se está "tempo demais" ou "fazendo de chupeta". Porque o tempo é deles, é para isso, e está tudo bem! O contato faz muito bem aos dois.
Quando algo puxa a recém mãe a desconectar-se com seu bebê, por exemplo calar-lhe com uma chupeta para deixar que ela mergulhe em outras atividades, algo de muito importante está sendo deixado de lado: uma etapa primordial de dedicação e amparo.
E no desenvolvimento de filhotes humanos, cada etapa pulada é uma etapa pendente. Se recebe pouco colo, esse colo será demandado posteriormente até que seja recebido. Se recebe pouca fusão, ela será, também, sentida até que seja sanada.
Então, como dizíamos, deve-se decidir como será o cuidado é a dedicação à esse bebê. Se terá suas demandas atendidas, ou se será um bebê (e posteriormente uma criança e um adulto) cheio de pendências.
Qual será o nível de conexão e fusão que será permitido no relacionamento com esse bebê?
Qual será a expectativa com relação à esses pedidos? Por que o bebê real pede muito e o tempo todo. E se você entende isso é aceita, mergulha. Se você evita e não aceita, pode achar "choro demais", "pedido demais", dar nomes e características, e querer enfiar-olhe a chupeta da negação.
Mas toda chupeta tem essa função?
Não. Mas é muito comum que se tenha.
Aliás, é comum até que não seja essa a função inicial, mas que com o tempo e a facilidade (e o medo do encontro com a própria sombra - mais aqui) acaba se tornando a fiel escudeira da negação crescente. Ela começa sendo usada em momentos pontuais, depois um pouco mais em momentos que não era tão necessária, e quando menos se espera ela está tomando conta do bebê. Ela substitui não só o peito, mas também a auto análise, a fusão, a conexão e o encontro. O contato com o bebê e também o contato consigo. E esse risco é bem maior e mais perigoso do que se imagina. Para que isso não aconteça mesmo que se opte pelo uso da chupeta, a dica é: não se desconecte de si!
Então, para além de decidir pelo sim ou pela não dá chupeta, decida sua fusão, e empodere-se do seu puerpério.
Prepare-se verdadeiramente para o pós parto, com expectativas reais e conhecendo o terreno pelo qual vai passar.
Se decidir pela chupeta, tente comprometer-se em constantes auto-análises, para que ela não ocupe mais tempo e espaço que a fusão, para que não seja substituta de coisas insubstituíveis. O mesmo vale para quem decidir não usar a chupeta: entre em contato consigo, e mergulhe na fusão!
Espero que ajude bastante!
Se quiser saber mais de preparo pro puerpério e empoderamento pós parto, temos muitos textos aqui!
Mas comece por esse vídeo!
Para artigo científico confiável sobre chupeta, acesse: http://www.cientistaqueviroumae.com.br/blog/textos/chupeta-o-que-toda-mae-e-pai-deveria-saber-antes-de-oferecer-uma-para-seu-bebe-por-andreia-stankiewicz
Grande beijo!
💕
#PsiMama
Deixe Seu Comentário
Postar um comentário