Ontem foi um dos dias mais difíceis da minha vida.
Saindo da padaria, meu filho Théo (1 ano e 11 meses) simplesmente decidiu que não queria ir embora de lá nunca mais. Eu avisei com antecedência, eu conversei com ele na hora de ir, respeitei o tempo e o espaço dele. Depois, quando ele já não queria ir, eu insisti como era importante, que eu estava cansada, pedi ajuda pra ele. Geralmente é o suficiente, mas não dessa vez. Então, fui mais firme, falei com seriedade, e insisti que estava na hora de ir. Ainda sim, ele não topou. Pior! Começou a chorar, se jogar no chão, fazer aquele escândalo.
Aquele.
Aquele que, quando não temos filhos ainda (ou tivemos há muito tempo), vemos e pensamos "que criança mal educada". Aquele que, quando é no filho da gente, pagamos nossa língua. Aquele, que você sente que absolutamente todos á sua volta estão julgando, estão incomodados, estão te achando o ó do borogodô.
Aquele.
Aquele que, antigamente, era motivo para não sair com as crianças de casa para não incomodar outros adultos. Aquele que, antigamente, se sugeria resolver com tapas e ameaças. Aquele que, se seu filho faz, ele não está sendo educado e apanhando o suficiente. Ou seja, AQUELE que te classifica - para muitos - enquanto pais permissivos, pais fracos, os classifica como filhos tiranos.
Mas, ainda assim, tudo o que eu conseguia ver era meu filho sem compreensão total da linguagem verbal, sofrendo por não conseguir se expressar e sem conseguir compreender bem. Tudo o que eu sentia era sua dor por se sentir desrespeitado e incompreendido, como se me perguntasse "por que você está fazendo isso comigo?". Eu via uma coisa que parece tão simples e corriqueira para um adulto - sair da padaria - como uma mudança dolorida e importante pra ele.
Ele mergulhou numa interiorização que nos fez ficar duas horas (!!) naquela padaria, tentando ir embora. Eu, meu marido, ele e nosso bebê. Os quatro envolvidos em descobrir como lidar com aquele tornado. A gente respeita?? A gente força?? A gente desiste e chora junto?? Tirando a violência, tentamos de tudo. Eu ficava me sentindo péssima. Logo eu, que estudo, que escrevo, que acompanho outras mães.. o que está me faltando?! Eu me senti a pior. A pior das piores. Chorei com ele. Chorei por ele. Sofri também. Olhava pro meu filho naquela angústia por algo tão besta, sofrendo tanto, e eu pensava "por que isso é tão importante pra você?".
Enfim, percebemos que era um momento dele, e que dentro daquele universo não podíamos mergulhar. Só ele podia sair, e a nós cabia esperar e ficar por ali, protegendo e garantindo que ele estivesse bem nesse processo. O resto, infelizmente, era com ele. Depois de tentar de tudo, resolvemos esperar. Me parecia pedir demais de um menino de dois anos. Mas eu não tinha alternativa. Eu dizia "meu filho, estou aqui com você, quando precisar eu estou aqui".
Podemos analisar o que causou aquilo? Claro! São momentos excelentes de análise e retificação. Ótimas oportunidades de "parada e transição" para ajustar os pontos que estão precisando de atenção. Mas tudo isso só poderá ser feito DEPOIS. Usando daquela situação, sim, mas nela, nunca! Naquele momento específico, não há nada que se possa fazer. A não ser se respeitar e respeitá-los.
Sim, se respeitar, por que ficar se cobrando e se culpando nesses momentos não ajuda. Não importa tudo o que você leu, tudo o que você sabe, nessas horas, você é apenas uma coluna de suporte. É, também, alguém passando por um momento muito delicado, e que precisa de compreensão e respeito de si mesmo, mesmo que não receba dos outros à sua volta.
São momentos como esse que todos crescem, todos aprendem, são momentos importantes para o desenvolvimeqwnto dos filhos e também dos pais. Quando você já tiver tentado de tudo, ai então você sabe que fez o seu máximo, que realmente se dedicou, que sua parte você fez e o seu melhor! E então pode relaxar e entender que fugiu do seu controle. Respirar fundo e esperar passar.
Eventualmente, Théo se acalmou. Duas horas depois, mas se acalmou. Sentou na cadeirinha do carro, e dormiu. Eu e meu marido nem acreditávamos que tinha acabado, com as cabeças (e os corpos) coloridos, fomos pra casa.
Conversei com meu marido, pedi que não déssemos nomes para aquela situação. Nem nomear características do Théo a partir daquela experiência, nem dar nomes à "fase", mas apenas compreender que ele poderia ter momentos como aquele. Compreender que precisamos respeitar o espaço dele nesses momentos, mas que também não podemos deixar de analisar nossa parte neles. Sempre. Sem nomear, só observando e nos analisando.
Hoje vamos analisar nossos contextos de vida, rever certos hábitos, talvez reanalisar a rotina. Enfim, hoje é momento de tentar compreender o que pode auxiliar com que esses momentos sejam menos frequentes. Ou o que pode estar tornando eles tão intensos. Mas, no fim das contas, é entender que esses momentos vão acontecer, não importa o quão excelentes tentemos ser enquanto pais. É que está tudo bem..!
Saindo da padaria, meu filho Théo (1 ano e 11 meses) simplesmente decidiu que não queria ir embora de lá nunca mais. Eu avisei com antecedência, eu conversei com ele na hora de ir, respeitei o tempo e o espaço dele. Depois, quando ele já não queria ir, eu insisti como era importante, que eu estava cansada, pedi ajuda pra ele. Geralmente é o suficiente, mas não dessa vez. Então, fui mais firme, falei com seriedade, e insisti que estava na hora de ir. Ainda sim, ele não topou. Pior! Começou a chorar, se jogar no chão, fazer aquele escândalo.
Aquele.
Aquele que, quando não temos filhos ainda (ou tivemos há muito tempo), vemos e pensamos "que criança mal educada". Aquele que, quando é no filho da gente, pagamos nossa língua. Aquele, que você sente que absolutamente todos á sua volta estão julgando, estão incomodados, estão te achando o ó do borogodô.
Aquele.
Aquele que, antigamente, era motivo para não sair com as crianças de casa para não incomodar outros adultos. Aquele que, antigamente, se sugeria resolver com tapas e ameaças. Aquele que, se seu filho faz, ele não está sendo educado e apanhando o suficiente. Ou seja, AQUELE que te classifica - para muitos - enquanto pais permissivos, pais fracos, os classifica como filhos tiranos.
Quando não usamos da violência, a paciência deve tomar conta. É respirar fundo, ignorar os olhos que te julgam à volta, encontrar aquele lugar de paz dentro de você, e só esperar.
Mas, ainda assim, tudo o que eu conseguia ver era meu filho sem compreensão total da linguagem verbal, sofrendo por não conseguir se expressar e sem conseguir compreender bem. Tudo o que eu sentia era sua dor por se sentir desrespeitado e incompreendido, como se me perguntasse "por que você está fazendo isso comigo?". Eu via uma coisa que parece tão simples e corriqueira para um adulto - sair da padaria - como uma mudança dolorida e importante pra ele.
Ele mergulhou numa interiorização que nos fez ficar duas horas (!!) naquela padaria, tentando ir embora. Eu, meu marido, ele e nosso bebê. Os quatro envolvidos em descobrir como lidar com aquele tornado. A gente respeita?? A gente força?? A gente desiste e chora junto?? Tirando a violência, tentamos de tudo. Eu ficava me sentindo péssima. Logo eu, que estudo, que escrevo, que acompanho outras mães.. o que está me faltando?! Eu me senti a pior. A pior das piores. Chorei com ele. Chorei por ele. Sofri também. Olhava pro meu filho naquela angústia por algo tão besta, sofrendo tanto, e eu pensava "por que isso é tão importante pra você?".
Enfim, percebemos que era um momento dele, e que dentro daquele universo não podíamos mergulhar. Só ele podia sair, e a nós cabia esperar e ficar por ali, protegendo e garantindo que ele estivesse bem nesse processo. O resto, infelizmente, era com ele. Depois de tentar de tudo, resolvemos esperar. Me parecia pedir demais de um menino de dois anos. Mas eu não tinha alternativa. Eu dizia "meu filho, estou aqui com você, quando precisar eu estou aqui".
Percebi que se tratava de um ensaio pra vida. A gente pode se preparar e preparar eles o tanto que for, em certos momentos, só poderemos estar à espreita dando suporte. Nesses momentos, não há nada que se possa fazer por eles, apenas dar apoio e esperar.
Podemos analisar o que causou aquilo? Claro! São momentos excelentes de análise e retificação. Ótimas oportunidades de "parada e transição" para ajustar os pontos que estão precisando de atenção. Mas tudo isso só poderá ser feito DEPOIS. Usando daquela situação, sim, mas nela, nunca! Naquele momento específico, não há nada que se possa fazer. A não ser se respeitar e respeitá-los.
Sim, se respeitar, por que ficar se cobrando e se culpando nesses momentos não ajuda. Não importa tudo o que você leu, tudo o que você sabe, nessas horas, você é apenas uma coluna de suporte. É, também, alguém passando por um momento muito delicado, e que precisa de compreensão e respeito de si mesmo, mesmo que não receba dos outros à sua volta.
Você vai errar sim. E acertar também, demais. Mas alguns momentos não são nem erros nem acertos, são só a vida seguindo seu curso.
São momentos como esse que todos crescem, todos aprendem, são momentos importantes para o desenvolvimeqwnto dos filhos e também dos pais. Quando você já tiver tentado de tudo, ai então você sabe que fez o seu máximo, que realmente se dedicou, que sua parte você fez e o seu melhor! E então pode relaxar e entender que fugiu do seu controle. Respirar fundo e esperar passar.
Eventualmente, Théo se acalmou. Duas horas depois, mas se acalmou. Sentou na cadeirinha do carro, e dormiu. Eu e meu marido nem acreditávamos que tinha acabado, com as cabeças (e os corpos) coloridos, fomos pra casa.
Conversei com meu marido, pedi que não déssemos nomes para aquela situação. Nem nomear características do Théo a partir daquela experiência, nem dar nomes à "fase", mas apenas compreender que ele poderia ter momentos como aquele. Compreender que precisamos respeitar o espaço dele nesses momentos, mas que também não podemos deixar de analisar nossa parte neles. Sempre. Sem nomear, só observando e nos analisando.
Hoje vamos analisar nossos contextos de vida, rever certos hábitos, talvez reanalisar a rotina. Enfim, hoje é momento de tentar compreender o que pode auxiliar com que esses momentos sejam menos frequentes. Ou o que pode estar tornando eles tão intensos. Mas, no fim das contas, é entender que esses momentos vão acontecer, não importa o quão excelentes tentemos ser enquanto pais. É que está tudo bem..!
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ilustração por Mãe Solo |
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