A exterogestação é a forma mais natural e pura de ver o bebê humano: a compreesão de que todos nós nascemos prematuros. Isto comparados aos outros mamíferos, uma vez que a natureza teve que se adaptar ao fato de que precisaríamos de mais tempo de gestação, não fosse o fato de que não passaríamos pelo canal de parto devido ao tamanho da cabeça humana após nove meses.
Ou seja, todos nascemos prematuros. Então, a extero-gestação nada mais é do que a continuação dessa gestação de forma externa, de modo que nossas cabeças possam crescer e se desenvolver, assim como todo o nosso corpo. Dizem que na cultura ocidental é dito que a gestação dura 12 meses: 9 meses interna e 3 meses externa.
Mas há quem perceba que a exterogestação tem a duração de outros 9 meses: só quando começamos a nos locomover de forma mais autonoma é que nos equiparamos aos recém-nascidos de outros mamíferos. Na teoria de Laura Gutman, é quando começamos a nos desfazer do estado de fusão, processo que só é completo com o desenvolvimeno da fala, com mais de dois anos de idade. Antes disso, durante os primeiros nove meses, ainda necessitamos de tudo aquilo que tínhamos no útero materno: comunicação constante, contanto constante e alimentação constante.
O interessante disso é que a autora Laura Gutman, assim como outros estudiosos super conceituados como Françoise Dolto e Fréderique Leboyer, insistem que essas necessidades seguem essa ordem de prioridade! No seu livro "Shantala", o pediatra Leboyer diz:
“Ser carregadas, embaladas, acariciadas, tocadas, massageadas, cada uma dessas coisas é alimento para as crianças pequenas. Tão indispensáveis, se não mais, que vitaminas, sais minerais e proteínas. Quando privadas de tudo isso e do cheiro e do calor e da voz que tão bem conhecem, as crianças, ainda que estejam fartas de leite, se deixam morrer de fome”.
Comunicação permanente através do olhar, das palavras, da presença.
Contato permanente, uma vez que dentro do útero o contato, som e movimento eram constantes e por todo seu pequeno corpo. A ausência desses fatores aos bebês parece um abismo enorme à sua volta, o que pode lhes traz medo e insegurança. Ficar nos braços a maior parte do tempo é um aspecto absolutamente importante para o bebê recém nascido. E por isso nossa imagem! Fica a dica de usar os slings com esse fim! Não parece uma extero-gravidinha? <3
Alimentação permanente, porque assim como no útero, para se desenvolver, ele precisa ter livre acesso ao alimento, aprender a auto-regulação, poder mamar por sede, por fome, sugar e se sentir nutrido de todas as formas possíveis, sempre que quiser.
Ter esses três aspectos sanados garante o desenvolvimento do bebê, seu crescimento, sua confiança e segurança. Agir de acordo com a exterogestação é entender e respeitar a natureza dos bebês, bem como ter a certeza de que o ele não pede aquilo de que não precisa.
No entanto, nossa sociedade pede algo diferente das mães. Podemos perceber constantes julgamentos, insistindo que os tornará "mal acostumados" ao lhe dar colo, ao lhe dar peito, ao lhe dar o que pedem. E encontramos mães divididas, que acabam deixando bebês em carrinhos e berços, negando-lhes peito, deixando chorar até que cessem, e achando estranho quando o bebê chora "demais" ou dorme "pouco". Suspeitando de tudo o que acontece com o bebê, sempre achando sintomas e anormalidades no simples fato de que o bebê pede mais comunicação, mais contato e mais alimento.
E, não se engane, não ter essas necessidades básicas ouvidas pode sim encher o bebê de sintomas e doenças. Por que ele busca outras formas de conseguir aquilo de que tanto precisa!
Sobre os mitos que rondam dar ao bebê o que ele pede quando pede, Laura Gutman insiste que a verdade da psique humana segue o padrão inverso do que acreditam os pré conceitos da sociedade. Enquanto as pessoas à nossa volta dizem que a criança vai ficar mal acostumada, carentes e querendo colo e peito toda hora e para o resto da vida, a psicoterapeuta explica que se o bebê pede, pede, e não tem suas necessidades atendidas crescerá reinvidicando eternamente aquilo que não obteve. Por outro lado, quando tem suas necessidades atendidas e respeitadas, cresce e evolui.
"Uma criança não apoiada corporalmente buscará eternamente o contato compulsivo. Uma criança não amada pedirá amor em todos os lugares e sempre se sentirá insatisfeita"
E não podemos deixar de salientar a impotância que a exterogestação tem na vida da mãe puérpera. Quando estamos passando pelo pós-parto, é muito importante ter a certeza de que nossos filhos estão acolhidos, alimentados, ouvidos e respeitados. E o contato constante é saudável e permite que mãe tenha essa segurança. Esse olhar, esse íntimo que a mãe desenvolve com o bebê é instintivo, natural, saudável é uma delicia de viver! É uma comunicação e compreensão um do outro que foge o raciocínio lógico. E é parte importante do puerpério e precisa ser valorizado, promovido e reforçado!
Para tanto, o apoio externo se faz extremamente necessário, e infelizmente não é o padrão da cultura ocidental. A mãe acaba por ter muitas exigências externas e pouco apoio. Muita tarefa para fazer em casa, e pouco tempo para fazê-las. Muita gente julgando, e pouca gente reforçando a sua sabedoria interior. E, acima de tudo, as mulheres acabam sendo muito infantilizadas no pós-parto. E acabam não dispondo da confiança e segurança necessárias à exterogestação. (Texto para pais, avós, e quem mais quiser ajudar aqui)
Na preparação pro puerpério, precisamos considerar isso de maneira clara: a mãe puérpera precisa de apoio verdadeiro. E para isso faz-se necessário buscar e garantir quem possa dar esse suporte. Quem possa dispor de tempo, respeitando a sabedoria da mãe, sem julgá-la, apenas apoiando.
Para criar filhos confiantes e seguros de si, precisamos em primeira mão estar confiantes e seguros. A exterogestação é inerente ao ser humano, mas para que se efetive, faz-se necessário que mãe tenha apoio para que tenha a disponibilidade e a tranquilidade que precisa para continuar gestando o seu bebê nascido.
Essas pequenas partes juntas formam o todo da experiência humana. E experiência por experiência de cada indivíduo, formamos o coletivo e o mundo. Amar, respeitar e cuidar de cada uma dessas partes garante um futuro melhor para toda a experiência humana enquanto sociedade e mundo.
Então, exterogestemos!!
#PsiMama
imagem tirada da página do Facebook Dona Pipoquinha.
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