Meu diário do puerpério, parte 2 – por quê tantas palavras negativas vêm à mente?

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terça-feira, 22 de março de 2016
Quando olhamos a time line da página “Parto Normal? Sim, por favor” (acesse) no dia 10 de Março, em que ela pediu que descrevêssemos o puerpério com uma palavra, é visível que três se repetem com freqüência: medo, cansaço e solidão. Uma vez que estou passando pelo puerpério, me coloquei a analisar essas palavras e relacioná-las ao meu dia a dia, e uma coisa ficou clara pra mim: realmente estamos sós.

Meu filho começou a chorar e eu pulei da cama no susto. Eram 2h50 da manhã. Vi que a fralda estava muito suja e decidi trocar, com ele chorando, sabendo que quando eu colocasse no peito ele pararia. Mas que mamaria até dormir, e se eu trocasse depois da mamada acordaria ele de novo. Pedi ajuda pro meu marido, que estava ainda meio sonâmbulo. Eu já estava à todo vapor. “Pega a fralda?” pedi. Ele ainda meio zonzo perguntou “onde?”. Meu filho já estava agora chorando com frio por que eu já tinha tirado a fralda e limpado ele, só me faltava a fralda limpa para acabar com aquele momento de angústia. Correndo contra o tempo, agoniada com o choro, me sentindo quase que maltratando meu filho com frio chorando, e meu marido ainda estava meio acordado. Eu apontei, eu mostrei, eu gritei onde estavam. Ele, claro, ficou chateado. E disse “você é a mais desesperada!”. Me entregou a fralda e voltou para a cama, meio dormindo, meio acordado para me fazer companhia. Também exausto. Terminei de colocar a fralda e amamentei. E a palavra solidão me veio à mente. Meu marido estava ali comigo, estava ali e ativo como eu. Mas eu ainda estava sozinha, por que ele jamais entenderia o meu ‘desespero’ daquele momento. Enquanto nos sentimos as desesperadas, doidas, desvairadas, gritando com o marido no meio da madrugada, nos sentimos sós.
 
Acredito que o medo e o cansaço estão completamente relacionados à isso, e me explico: por mais que tenhamos suporte, apoio do pai, estrutura de profissionais em casa à nosso dispor para facilitar, ou ainda que não tenhamos nada disso, uma coisa é certa: estamos sós em nosso puerpério. Por sermos os únicos seres puerperais naquela casa. Os únicos seres em fusão emocional com o bebê, passando pela loucura necessária e nos dividindo entre sentimentos felizes e tristes na TPM forte dos dias pós parto. 

Em casa, com o filho nos braços às três da manhã, morrendo de sono e precisando amamentar, estamos sós. Mesmo que tenha alguém do nosso lado dando força, ainda sim, o seu cansaço e o seu medo são seus. E estão dentro de você. E lá dentro só tem você, suas expectativas, sua sombra. E suas descobertas são só suas também.


Sentimos medo, angústia, e solidão, por que estamos sozinhas no furacão do puerpério.
Como ele leu sobre a loucura necessária, ele não ficou chateado. Ele entende esses meus momentos, e isso me tranqüiliza muito, por que depois que o momento passa nem eu entendo meu desespero. Mas eu sei que a fusão emocional que estou com meu bebê hoje fala mais alto nessas horas. Eu sinto o choro dele, sinto o frio que ele está sentindo, e eu tenho muita pressa! Uma pressa que não passa pelo raciocínio lógico, uma pressa que não posso explicar. É uma pressa que eu e o bebê dividimos, por que eu sinto o choro dele como se fosse o meu. E nessa fusão, estamos eu e ele. Mas não tem mais ninguém. 

Por isso sugerimos conversar com o bebê. Por isso explicamos tanto, no preparo pré puerperal, sobre a fusão e a loucura necessária e todos os aspectos do encontro com a sombra. Por que essas aparições de surpresa podem te assustar, e é melhor estar preparada pra elas. Mas isso não significa que não vamos sentir todas essas coisas. Nós vamos, e devemos, pois faz parte do processo! Significa apenas que vamos compreender melhor, nos ver passando pelo processo e ter a possibilidade de nos entender e respeitar mais.

   Exausta, com meus dois pimpolhos. 

  Dormindo à tarde enquanto ele dorme.

Quando um filho acorda o outro 5h30 da manhã. 

 Exterogestação, grávida de 10 meses! 

E aí, gostou? Dê sua opinião :)

beijos

PsiMama

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